O Trânsito nosso de cada dia!





Por Luiz Roberto de Aguiar
Pedadagogo e Professor de Filosofia

Estava eu caminhando um dia destes por uma avenida próxima à minha residência quando me deparei observando o grande movimento de vai e vem dos veículos, as atitudes das pessoas no interior de seus automóveis e de algumas pessoas nas calçadas. De repente, ao perceber toda a agitação, a pressa que tomava conta dos seres humanos em cada um de seus papéis, me vi muito preocupado com a humanidade e seu relacionamento em meio ao “Trânsito nosso de cada dia.”

A inconformidade de alguns motoristas com a falta de pressa de outros os levava à loucura, beirando a irracionalidade, pois emitiam gritos, buzinavam seus veículos calorosamente e distribuindo xingamentos e gestos ofensivos a qualquer um que não atendesse as suas expectativas de velocidade (ferocidade) e tudo isso sem se importarem com o sentimento ou o direito alheio e até mesmo com a falta de exemplo aos mais novos ao redor. Esta cena me remeteu a leitura de um livro que há pouco tempo atrás realizei, o qual foi escrito pelo filósofo contemporâneo Mário Sergio Cortella, com o título “Não nascemos prontos!” em sua oitava edição pela Editora Vozes, que me trouxe o seguinte questionamento:

Com relação ao Trânsito estamos doentes, afligidos pela Tacocracia?
Tacocracia: (grego tákros que significa rápido).

Lembro-me bem de um passado não tão distante quando os motoristas respeitavam a legislação de Trânsito e as pessoas mais velhas se importavam com o exemplo que davam aos mais jovens (no caso éramos nós sendo ensinados por eles), e cada passeio de carro ou a pé com a família se mostrava uma bela e profunda aventura, a qual inspirava os mais novos há um dia serem motoristas exemplares, transeuntes conscientes e passageiros responsáveis. Exemplo disto é que meu pai (Sr Wilson de Aguiar) nunca nos ensinou a dirigir, sempre respeitou a lei e incentivou nos a freqüentar a auto escola (hoje Centro de Formação de Condutores) para que somente após estarmos devidamente habilitados viéssemos a dirigir um veículo automotor, fato que hoje se repete entre eu e meu filho.

O fato de querermos as coisas acontecendo de forma cada vez mais rápida, sempre com muita pressa tem nos impedido de nos deliciarmos com as coisas mais simples da vida, olhando as nuvens, observando as pessoas, ouvir o canto dos pássaros, acenar para o amigo que nos cumprimenta da calçada, com a música no rádio do veículo, enfim deixamos de apreciar o simples e tomados pela “Tacocracia” vamos nos rendendo a agressividade, a uma esteria coletiva e o ser humano que devia ser amado vai se tornando o inimigo, alguém a ser vencido, ultrapassado, desrespeitado. Pensando nestas ações, vendo e ouvindo a agressividade que toma conta das pessoas que fazem parte do “Trânsito nosso de cada dia”; as quais são os motoristas, os passageiros e os transeuntes, me vejo concordando com o filósofo Mário Sérgio Cortella:
“Cuidado com a Tacocracia, pois Não nascemos prontos!”

Como motorista, passageiro às vezes e transeunte em outras oportunidades o que sugiro é que repensemos nossas atitudes em meio ao Trânsito, para que venhamos a incentivar os mais novos a viverem uma cultura de paz nos seus deslocamentos através de veículos, de transporte público ou a pé, para que as discussões, as ofensas, as brigas e até mesmo as mortes no Trânsito sejam reduzidas e volte ao nosso dia a dia o prazer de dirigir um automóvel, de se andar na via pública ou deslocar se de bicicleta sem temermos as ofensas, as agressões, as lesões corporais ou outra situação qualquer que possa nos ferir ou até nos matar.


As mudanças são possíveis, basta que cada um de nós realize a sua parte e elimine de sua vida a tacocracia, o egoísmo, a lei de Gérson, que busquemos ser exemplos positivos uns para os outros e para as novas gerações. Vamos lá: “Faça ao próximo àquilo que você gostaria que fosse feito a Você!”

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